06 August, 2012

Pistolas de água

Isto das férias tem alguma coisa que se lhe diga. Porque houve um tempo em que as férias não existiam: as pessoas eram o que fazíam. A sua identidade era a sua profissão e a sua profissão media-se em termos da sua utilidade social: um carpinteiro era um carpinteiro, um elemento essencial na sua comunidade. No pós-revolução industrial isso mudou (há quem lhe tivesse chamado alienação). Deixámos de ser essa peça fundamental para uma comunidade, já não nos preenchíamos totalmente na nossa profissão e ficou na moda dizer que, no trabalho, ninguém é insubstituível. O individuo perdeu parte da sua identidade e para se voltar a encontrar, reclamou espaço para si. Criou-se então a necessidade do lazer. E as férias, claro. (As minhas tiveram até agora abrunhos, jogos olímpicos e pistolas de água) 





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