Se a arte no século XX pudesse assumir duas formas seria o cinema e a música rock. Claro que todas as outras continuaram a existir, mas nenhuma se massificou e profissionalizou ao nível destas duas. A elas coube captar o século da democracia, da emancipação, das grandes guerras, da igualdade e das ideologias. O cinema e o rock são a arte ao alcance de qualquer um: estão nos centros comerciais, na televisão, na rádio. São eles que captam o nosso quotidiano e o sublimam.
Mas, se no início a música rock, como outras formas de arte inovadoras, lutou para ganhar o seu espaço – e nesse confronto com outros géneros musicais e formas de arte se fez ela própria arte – hoje a situação é diferente. Nos dias que correm, o rock tornou-se um grande negócio. Foi engolido pela pop e institucionalizou-se. Tornou-se arte ao serviço da lei de mercado. Os que o praticam acomodaram-se (e deram origem ao conceito de “rock star” e de "pop star") e nesse conforto, perdeu-se o lado rebelde e poético. A música que dá lucro não arrisca e, quem não procura coisas um bocadinho diferentes, passa a manhã no carro a ouvir os mesmos refrões e as mesmas batidas sem distinguir bem se aquele single é novo ou é de há cinco anos. Provavelmente será um remix.
(em baixo: The Beatles nos anos 60)
(em baixo: The Beatles nos anos 60)