Concordo com Harold Bloom quando diz que, literariamente, os textos do Novo Testamento não se comparam à riqueza e magnificência dos livros que compõem o Antigo Testamento, cuja monumentalidade advém também da dimensão temporal que abarcam e das muitas histórias que contam. Como o episódio que relata a expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden, na sequência de uma dentada num fruto da árvore da vida. O episódio tanto fascinou os primeiros exegetas que nele trabalharam, que hoje é quase impossível distinguir o texto sagrado da sua própria interpretação. Por exemplo, todos diriamos que o tal fruto é uma maçã, embora não haja qualquer referência bíblica a maçãs no episódio do Génesis. Ou seja, na realidade não se sabe qual seria o fruto da árvore.
(Aqui uma das minhas representações preferidas do momento da expulsão do Jardim do Éden, recriado por Thomas Cole em 1828)