Festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, a filha de Herodias dançou no meio dos convivas, e agradou a Herodes,pelo que este prometeu com juramento dar-lhe tudo o que pedisse.
E instigada por sua mãe, disse ela: Dá-me aqui num prato a cabeça de João, o Batista.
Mateus 14:6
Na Bíblia, Salomé não tem nome. É apenas “a filha de Herodias”. Só mais tarde aparece identificada nominalmente nos relatos de Flávio Josefo (in Antiguidades Judaicas). Contudo, a inicial ausência de nome próprio não a impediu de entrar no imaginário colectivo como expoente da perfídia feminina, misturando numa só figura inocência e sedução. O seu carácter misterioso e multifacetado tornou-a objecto de culto sobre o qual escreveu Oscar Wilde, compôs Richard Strauss e tantas músicas rock foram buscar inspiração. Mas é na arte pictórica que melhor se explora esta dualidade ingenuidade / crueldade, como neste quadro de Andrea Solari, em que aparece pálida e resguardada perante a crueza da cabeça de João Baptista.