A música pop permitiu que as mulheres estivessem, pela primeira vez, em pé de igualdade numa expressão artística. Porque, na verdade, nos séculos anteriores os feitos artísticos do sexo feminino ficaram aquém dos do masculino em todas as áreas: pintura, literatura, etc. Contudo, a música pop foi diferente. No ocidente, a mulher dos anos 80 era a working girl (inserir aqui imagem da Melanie Griffith) que trabalhava como os homens, partilhando direitos, responsabilidades e autonomia económica. E a música pop foi lugar de celebração dessa nova independência. Na pop, a mulher encontrou espaço para se expressar e criar um discurso próprio. Nos anos 80, ninguém o fez melhor que Madonna, cuja própria escolha de nome artístico, remetendo para o universo religioso, era um prenúncio do que viria mais tarde a fazer da sua carreira. “Eu acho que a arte deve ser controversa. Que deve fazer as pessoas pensarem. Sobre as coisas em que acreditam e não acreditam (…). É bom bater na cabeça das pessoas com estas coisas e faze-las questionar as suas crenças”, disse numa entrevista em 1989. E, o que seria da carreira de Madonna – e de outras estrelas pop – sem essa simbologia cristã, sem essa narrativa contra o qual se rebelar? Comentem, por favor.
(foto de Madonna com D.J. Jellybean Benitez em Nova Iorque, 1984)