Com os primeiros anos da especiaria houve uma aura passageira de riqueza, mas as transformações que em consequência dela se registaram foram definitivas. A corte de Lisboa passou a ser faustosa e numerosa. A importância social dos nobres passou a medir-se pelo estado que alardeava, isto é, pelo trem de vida que podia exibir. Os grandes nobres esforçavam-se por manter pequenas cortes pessoais, consumindo nisso mais do que tinham.
Isto é o comentário sem "paninhos quentes" de José Hermano Saraiva ao Portugal dos Descobrimentos. Ler aquilo que fomos é perceber melhor o país que somos hoje. A época mais gloriosa da nossa História foi também o tempo em que as ideias pararam debaixo da força da Inquisição, em que a burguesia era asfixiada pelo aparelho do Estado, em que se importava tudo e se ignorava que também era preciso produzir localmente. O país virava-se para o mar e esquecia-se de si próprio. Leitura obrigatória.