Quando eu andava na escola, nas aulas de história, depois de falarmos dos romanos e dos bárbaros fazia-se uma espécie de silêncio a partir do ano 711, que marcava a invasão árabe da Península Ibérica. Só se voltava a falar de história no século XII, quando D. Afonso Henriques reconquistava a "terra cristã" aos mouros. Nos livros de história, ser mouro era pior que ser a rainha má da história da Branca de Neve.
Só muito mais tarde, ao nível de estudos pós-graduados, tive o privilégio de aprofundar o que foram esses anos de crescimento científico, cultural e filosófico durante o domínio muçulmano de Portugal e Espanha. E é uma pena que tal não fosse ensinado na altura em que frequentei a escolaridade obrigatória. Afinal, se D. Afonso Henriques não sabia sequer ler, ainda hoje a numeração que usamos é árabe.
Agora, tantos anos mais tarde, nas notícias fala-se muito dos muçulmanos e do que diz o Corão. Como sou uma ignorante na matéria resolvi começar pelo início, ou seja lendo o Corão.
E as coisas não são bem o que parecem.
E as coisas não são bem o que parecem.